Estou subindo uma estrada, não sei exatamente que horas são, pela cara do dia não há como saber exatamente se é manhã ou tarde, noite sei que não é pois não começou a escurecer. Não há como saber se é de dia ou se é de tarde, o sol não está tão forte, o vento não sopra com veracidade, os pássaros não voam desesperados e o que mais tenho disponível para esse momento é o tempo. Não posso me desesperar, não posso voltar pois não sei como cheguei aqui, simplesmente estou aqui, não tem como eu correr e correr e correr, não saberia aonde ir e eu só iria desgastar os meus pulmões, eu iria me cansar, sentiria sede e agora que percebo que não tenho água, não tenho nem uma garrafa de água.

Não sei como cheguei aqui e não sei para onde vou, o que eu posso fazer é continuar andando, simplesmente continuar andando e andando e andando. Agora que sei que não tenho uma garrafa com água começo a sentir sede e quanto mais penso nela, mais sede eu sinto.

Nenhum carro passa, nenhuma pessoa passa, nenhum animal passa. Não avisto nada, se pelo menos um desses três fosse visto pelos meus olhos que cansados já estão eu saberia para onde ir ou teria uma leve noção de onde ir, mas pelo visto o que eu menos tenho nesse momento é noção das coisas, noção de tudo.  

Tempo crucial, ó tempo que me consome, se pudesse conversar comigo, se pudesse se tornar um ser animado, dotado de vida, talvez por um milésimo de segundos eu sentiria algo, mas tú és simplesmente inanimado, sem vida, sem mim.

Não sinto mais meus pés, ando, ando e ando e não sei o quanto andei, a percepção do tempo já não faz parte da minha história, meu sistema sensorial, meus sentidos estão confusos, olho para o céu e o que vejo são borrados, névoas, não há nuvens.

Não sei onde estou, não sinto mais nada, minha visão fica turva, caio, desmaio, me deixo.