O universo no olhar

Ando por estradas

Estradas desertas

Talvez não tão desertas assim

Não ouço nada

Nem passos

Nem águas

Nem ventos

Talvez eu seja a estrada

Deserta no meu íntimo

Sem nada

Sem ninguém 

  Eu estava em algum lugar conversando com uma professora de inglês que tive no ensino médio, não estou recordando aonde estávamos, falávamos de várias coisas e uma delas era sobre minha vida, amorosa principalmente. Ele chegou bem no meio da nossa conversa, cumprimentou-nos e sentou-se do meu lado, perguntou do que estávamos falando e essa professora disse que era sobre minha vida amorosa e sobre uma festa de uma pessoa que eu estava gostando, ele logo foi falando.
— Foi nessa festa que você descobriu que eu era gay?

  Meus olhos abriram tanto e meu coração começou a acelerar, eu já sabia que ele era, mas não sabia que ele sabia que eu sabia, confuso né. Fiquei calmo e ele continuou.— Foi naquele momento que eu estava dançando com aquele garoto e você me viu, sei que você ficou chocado e logo foi embora correndo, acho que você não percebeu que eu reparei nisso, e eu também nem fui atrás de você, fiquei lá dançando. Mas como você sabia que eu sou gay, como você descobriu?

  Fui logo falando.

— Eu sempre soube, não é difícil, para mim sempre foi fácil descobrir algo de alguém, não que eu quero ou procuro, mas pelo olhar da pessoa, eu vejo ela por dentro, é como se a vida dela passasse na minha frente, o todo e simplesmente sei, e com você não foi diferente. — continuei falando.— Eu sempre estive ao seu lado, sempre fiz algo para você, sei que você não percebia, mas eu estava lá, sempre, e naquela festa eu não fiquei chocado com o fato de " você ser gay " até porque eu já sabia, como eu te disse, eu fiquei foi chateado e triste pelo fato de você estar dançando com outra pessoa e nem me notado.

— Mas porque? — ele perguntou.

  Eu quase chorando, segurando para isso não acontecer respondi.

— Porque eu te amo, eu sempre te amei e não consigo ver você com outra pessoa, eu fiquei com raiva e fui embora, não aguentei aquela cena, eu queria te dizer antes, porém não consegui.

  Nesse momento eu comecei a chorar e levantei. Ele pegou a minha mão e senti uma segurança, voltei a sentar e ele disse.

— Você é tão fofo, eu também te amo.

  Me beijou como se só houvesse aquele dia, aquele momento e parecia que o mundo parou, eu só queria ficar lá, para sempre.  Escuto um choro, esqueci que minha professora estava lá o tempo todo, ela limpa as lágrimas do rosto com uma das mãos e simplesmente diz.

— Que lindos! Vocês merecem o mundo.

  Emocionado com aquela pequena frase falei.

— Muito obrigado pelas palavras e por não criticar —. continuei. — Minha família não sabe e eu não sei como falar para ela. Eu só quero viver esse momento e poder mostrar para todos sem ser criticado e com medo das pessoas descobrirem.

  Ela sábia como sempre disse.

—  O que importa é vocês, sempre, nunca deixem ninguém dizer o contrário, vocês são especiais e ótimos seres humanos, tem garra e força, quando estiverem preparados para dizer a suas famílias, vão dizer, essa insegurança um dia vai passar. Não pensem nisso agora, vão viver e serem felizes.

  Eu olhei para ele e ele para mim, sorrimos e ficamos lá, um contemplando a beleza do outro, fazendo aquele momento eterno.

Sabe aqueles desafios que procuramos no Google e diz : " 100 coisas para fazer antes dos 30 " ou " 15 coisas que todo mundo deveria fazer antes de morrer" e nelas incluem muitas ideias boas e até interessantes e uma delas é " Escreva um Livro". Acho que todo mundo deveria escrever um livro na sua vida, acho relevante. Não precisa ser uma jk rowling da vida nem escrever um livro igual as crônicas do gelo e fogo, o importante é escrever, escreva um de 10 páginas , 100 páginas e publique, nem que seja só um exemplar para ser seu, mas faça. Os livros do Monteiro Lobato, aqueles pequenos contos infantis do Mogli , os 3 porquinhos, a pequena sereia ou os da coleção vagalume.  Escreva, comece com uma letra, uma palavra, apenas comece. 

Ao olharmos para o céu, percebemos que as estrelas estão tão próximas uma das outras, mas ao mesmo tempo estão tão distantes também.  As vezes me sinto assim, perto de quem eu quero estar e distante ao mesmo tempo.  É como se eu estivesse bem próximo, do lado mesmo e começasse a falar , só que a voz não sai e tudo vai ficando tão distante, eu coloco a mão nessa pessoa e ela não é sentida e vai me distanciando mais e mais até não existir mais o "nós".

Sabe aqueles estudantes americanos que possuem um blog e recebem milhares de visualizações? Tipo , umas 2 mil por postagens e as pessoas vão a sua procura para saber mais sobre ela e sobre o seu blog? Que suas publicações recebem vários comentários? Então, eu pensei que eu era uma dessas pessoas.

Enganado estou? Talvez. Mas o que importa é que escrevo e como dizia Mario de Andrade.

Uma árvore

Começa a soltar as folhas

Não uma folha

E sim várias

Uma após a outra

E são folhas e mais folhas

E ela vai ficando nua

Até se despir por completo