Estava eu sozinho, parado no caminho. Multidões de pessoas passando tão rapidamente que pareciam estar em transe, vagando sem direção, com aquele objeto na mão. De um lado para o outro, vidrados naquela tela que tanto veneram. Seria um Deus aquele objeto ferroso, que cabia na palma da mão, até no fundo do bolso?
Fico pensando: o que de tão especial tem aquele mero metal, em que pessoas se filmam, se mostram, para ganhar curtidas a mais nas redes sociais.
Eu fui passando, um por um, zumbis, reféns daquela tecnologia, em que o que mais valia não era o ser e sim ter o que os outros mais queriam.
Vivendo por aparência, em uma vida pobre, sucumbido a sempre mascarar a sua verdadeira essência.
Não olham, não dizem, não estão presentes. O contato foi se perdendo, o convÃvio foi se perdendo, a vida em sociedade foi se perdendo, a cordialidade foi se perdendo, o companheirismo foi se perdendo. Zumbis tecnologicos, se arrastando entre nós. O individualismo se mostrando, sozinhos por dentro e por fora, presos em uma realidade que dia após dia os consome, os devora. Uma força que suga toda a esperança, toda humanidade.
Será que nessa sociedade ainda existe alguém que não se deixou tomar por essa tal atrocidade?